sexta-feira, outubro 16, 2009

É Petrogal, Ninguém Leva a Mal

Era uma vez uma jovial agremiação de Leça da Palmeira, solarenga, alegre e com futebol para encher a nação inteira. Lá dançavam futebolistas aos pontapés, vitórias brotavam pelo País de lés-a-lés.
Havia Róscar, Chico Nelo e Nando; havia galhardia e até um Armando. Tempos felizes, tempos de fartura; caçava-se perdizes e degustava-se a gordura.












Róscar, o despenteado porém sonhador petiz, desenhava uma promissora carreira a giz. Quem chegou o apagador ao quadro e rasurou esse futuro, não seria com certeza um fã de kuduro.
Seria possivelmente um adepto da chanson pimba, tal como Chico Nelo. O irrequieto vagabundo de capilar monumento canalizava energias de Nel Monteiro, o popular portento.
Chico partilhava a meia-lua com o virtuoso Nando, a proverbial voz de comando. O semi-calvo fantasista de cariz ofensivo servia o couro aos avançados, qual garçon ofertando um aperitivo. Quem não se lembra desta criativa mente de pornográfica chuteira fluorescente?












Mas também de Serifos se fazem as conquistas. Avançado acutilante, esculpido em carvão e transformado em diamante. Monarca leceiro, Weah da Petrogal, ídolo dos adeptos pese embora o golo não ser ocorrência normal. Tão grande era a sua popularidade, que o Windows dedicou uma font à sua genialidade. MS Sans Serif? Homessa! "sans" o "Serif" ninguém se recorda do Leça!
Outro artista com nome de Rei: Jordão era um imberbe reguila, mas já impunha a sua Lei. Sem pistola no coldre ou chapéu de cowboy, a cerebral promessa era adepta do não mata, mas mói.
Sobra-nos o nome de Jarrais. Sempre sorridente, de pêlo sedoso e sobrancelhas bestiais.












E já que falamos em bestiais, recordemos o senhor de bigode que aconchegava o banco de Vladan em dias pares, ímpares, tardes incomuns e noites normais. Bestial era o seu nome do meio, bestificante a sua elasticidade, e felina era esta nossa besta incapaz de abocanhar a titularidade.
A palavra bigode, substantivo de inusitada importância, teria sempre que vir acompanhada deste elemento de superlativa militância: Matias, o valoroso central - betão armado no cerne da defesa, arranha-céus de pilosidade supralabial.
Utensílío de lavoura, ou membro da resistência timorense? Grite-se Alfaia, qual Xanana reclamando a independência. A talhe de foice, houve timorenses falsos de Vera Cruz mascarados; lembro-me de Esquerdinha e Ronny, laterais malfadados. Mas conterrâneos de Gusmão só houve um, com nome de tambor de Maracatú e duro como uma cana de bambú.












Para finalizar o passeio, revejamos apenas as luvas de aço na esfíngica figura do gigante vivaço.
Vladan, o colosso sérvio de irascível temperamento, temível aranhiço que rechaça bolas a contento. Um homem duro, de granítica expressão, que não admitia miminhos ou festas, mesmo vindas de um campeão.
É verdade, um campeão europeu que habitava em Leça e não se chamava Amadeu. Seu nome era Festas, coberto de glória em 1987, galhardo central no relvado e com soltura na retrete. Experiente, mandão e de franjinha impecável, perante os avançados já não era nada amável.
Para oferendas aos cientistas do golo tínhamos o Isaías, uma versão sem bigode do Matias. Um simpático central de aspecto relaxado, e um respeitável penteado amiúde bem cuidado.

Assim abandonamos Leça da Palmeira, despedimo-nos dos hombres da IMOLOC e da Divisão Primeira. Aguardamos o regresso algures pela Exponor, com Vinha, sem Vinha, mas sempre com muito amor.

10 comentários:

Ricky_cord disse...

Nomes míticos os de Alfaia, Serifo e Chico Nelo. Desconhecia que Rui Óscar tivesse algum dia sido Róscar..

Luciano Rodrigues disse...

Epá, o Nando! O primeiro jogador no mundo a usar chuteiras de cores malucas. Se bem me lembro era o único na equipa que sabia o que fazer a uma bola. Isto era uma equipa tal que só do Belém foram 5 no Restelo e 5 na refinaria! :)

Penso que li algures que o Isaías morreu há pouco tempo no Brasil. Pena, era um central que gostava de ver jogar.

sloml disse...

Admiro muito os autores deste blog. Proporcionam-me alguns momentos realmente deliciosos.

PS: Sim, o Isaías morreu há pouco tempo num acidente de viação. Paz à sua alma. Tinha 41 anos.

hjssp disse...

E o Franco? E o Franco? Esse globetrotter do Minho e Douro Litoral... e Madeira... e Coreia? E o Franco?

carrasqueira disse...

é verdade, RIP Isaias.
alfaia,meu deus!
que la chupen!que la siguen chupando!

Gabriel disse...

O Franco brilhou no meu Maia, não tanto como o Dinis mas ainda assim era presença constante no Wimpy a fumar a sua cigarrada e a beber o seu fino.

Anónimo disse...

O General Franco ainda comanda as tropas do Vila Meã. Há uns tempos o Aloísio era lá treinador, não sei se ainda será.

E foi uma coincidência interessante, mal falaram no General Franco, veio aqui um Seo Jung-Won qualquer a recordar os tempos do homem na Coreia.

A Bola Indígena disse...

Falta aki o grande Zé da Rocha;) Abç a tds e que sigan mamando este magnífico Blog

Anónimo disse...

"E foi uma coincidência interessante, mal falaram no General Franco, veio aqui um Seo Jung-Won qualquer a recordar os tempos do homem na Coreia."

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!

Já agora, aproveito para relembrar o duo de espanhóis que fez furor (ou não) na colectividade leceira: Fran & Loinaz, Lda. De referir que o Loinaz tinha uma cara/cabelo dignos de um tripulante de uma casal-boss, algures numa qualquer vila minhota.

E confirmo que o Isaías faleceu num acidente de viação no Brasil, há já quase 2 anos. Que descanse em paz.

Anónimo disse...

Fran & Loinaz, muito bem visto.
Que grande dupla, de fazer inveja à armada espanhola flaviense.

"Toniño, que sigas mamando"

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